Nos últimos anos, vimos mudanças significativas nas terminologias usadas para designar espaços dedicados aos cuidados de idosos. O que antes chamávamos de "asilos", agora atendem por nomes mais técnicos, como Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs). Apesar da tentativa de modernizar o discurso, o problema central permanece: muitas vezes, esses lugares ainda são percebidos como "depósitos de velhos", reflexo de uma sociedade que não sabe lidar com o envelhecimento.
Essa realidade nos convida a uma reflexão profunda. Falhamos, como sociedade, ao transformar a velhice em um período de isolamento e descarte. No entanto, há caminhos possíveis para mudar esse cenário. Como arquiteta e pesquisadora da relação entre envelhecimento e espaços construídos, acredito que pequenas ações podem criar grandes mudanças. Abaixo, apresento três abordagens que unem saúde mental, arquitetura e convivência, para projetar um futuro mais digno para nossos idosos.
Arquitetando Ideias
Ideias sobre arquitetura, design, decoração e interiores com arq. Elenara Stein Leitao
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Transformar nossas cidades em ambientes mais inclusivos não é apenas um desejo; é uma necessidade urgente. Basta caminharmos a pé em ruas de nossas urbes para notar que existem vários obstáculos para os pedestres. Sabendo disso, fiquei pensando em como planejar ações simples e imediatas que pudessem ajudar a alcançar essa meta de forma estratégica e eficaz. Pensei então aplicar uma ferramenta chamada a técnica dos 6 Chapéus do Pensamento, de Edward de Bono. Na arquitetura e urbanismo, ela pode ser um recurso valioso para projetar espaços mais inteligentes e humanizados. Ao considerar aspectos como a funcionalidade, a estética, o impacto ambiental e as necessidades da comunidade, podemos criar soluções arquitetônicas que vão além das expectativas.
Tenho a alegria de anunciar o lançamento do livro "Metamorfose da Vida - A Arte de Envelhecer - Volume 2", organizado por Adeli Sell e Claire Abreu, uma coletânea onde escrevo três artigos. É uma obra abrangente e transgressiva que aborda o tema do envelhecimento de forma multidimensional.
Uma das inspirações do livro foi a necessidade de dar maior atenção à velhice em uma sociedade que prioriza a juventude e o consumo. Ele surge como uma continuação do Volume 1, agregando novos autores e conhecimentos sobre o envelhecimento.
O livro se divide em quatro partes principais:
1. Promoção da Saúde: Aborda temas como sexualidade na terceira idade, Alzheimer, atividade física, cuidados paliativos, massagem geriátrica, nutrição e saúde bucal.
2.Direitos e Qualidade de Vida: Discute questões financeiras, direitos do consumidor idoso, cidades resilientes, moradias compartilhadas e direito à saúde.
3. Compreensão das Emoções: Explora temas como vazio existencial, solidão, síndrome do ninho vazio e dinâmicas familiares.
4.Relatos: Apresenta diálogos intergeracionais e histórias pessoais.
E uma parte especial sobre o Movimento Sociedade sem IdadismoÀ medida que vamos acompanhando a subida das temperaturas globais, vamos observando que as cidades enfrentam desafios crescentes para manter o conforto e a segurança de seus moradores. Isto afeta especialmente as pessoas de baixa renda que vivem em áreas urbanas vulneráveis, onde a infraestrutura, muitas vezes, não é suficiente para suportar as mudanças climáticas. Mas há soluções práticas que podem ajudar a mitigar esses impactos e melhorar um pouco a qualidade de vida, mesmo com poucos recursos. Aqui estão algumas ideias:
Para todos nós que gostamos de arquitetura Mulheres, Casas e Cidades, da arquiteta e urbanista argentina Zaida Muxí Martínez, é um livro que vale a pena conhecer. Nele a autora mergulha de forma crítica e acessível no papel que as mulheres desempenharam e desempenham na construção dos espaços em que vivemos, tanto em casa quanto nas cidades. Ela não apenas revela a invisibilidade histórica das mulheres no campo da arquitetura, mas também nos convida a repensar o desenho dos nossos espaços de um ponto de vista feminino
As fábulas existem como contação de histórias. Reais ou imaginárias, não importam, porque fruto da imaginação criativa de redescobrir o mundo e a cidade com novos olhares. Além das ruas e dos conceitos arquitetônicos. Além dos índices urbanísticos e dos planejamentos de expertos. Uma fábula recontada por um caminhante que redescobre sua cidade, percorrendo suas rotas.